O Sonho da Casa Inteligente está mais Próximo do Real

 

Diário de S.Paulo 30/11/1999

 

Morar em uma casa onde todos os aparelhos, luzes e portas se liguem ou se abram através de um simples comando de voz enviado através de um telefone – coisa que só se via em filmes do 007 ou em reportagens sobre o multimilionário Bill Gates – e muitas pessoas imaginavam só ser possível num futuro bem distante já é uma realidade no País.

 

A automatização residencial, como é conhecido o mercado de "casas inteligentes" ou "casas do futuro", embora ainda seja encarada como uma novidade no Brasil, esta presente e já começa a despertar o interesse de profissionais das áreas de informática e eletrônica. As casas inteligentes são populares nos Estados Unidos, Canadá e em países da Europa, mas ainda estão distantes da realidade para a grande maioria da população brasileira, já que uma residência totalmente automatizada pode ultrapassar o valor de R$ 100 mil.

 

Para quem quiser algo mais simples, esse valor pode variar entre R$450 e R$ 1.000, mas permitira controlar, por um comando de voz, apenas lâmpadas e eletrodomésticos. 0 publicitário e analista de sistemas Fábio Teixeira, de 34 anos, proprietário da SoFT4U Informática e Publicidade começou a desenvolver um sistema para monitorar as lâmpadas e os eletrodomésticos de sua casa ha uma década. "Até então, a casa do futuro era uma realidade apenas nos Estados Unidos", afirma Fábio, que, acreditando na popularização das casas do futuro, desenvolveu um programa para o monitoramento simples de uma residência, que custa R$450,00.

 

Além do programa, o usuário recebera três módulos receptores para instalar em lâmpadas ou aparelhos eletrônicos. 0 usuário selecionara em seu computador a imagem do ambiente que será monitorado. Com o toque do mouse, os equipamentos poderão ser ligados e desligados. Segundo Fábio, estará disponível também um programa temporizado, que indicara horário e dia em que uma luz, por exemplo, será ligada. "0 usuário pode optar em acordar todo dia com uma luz suave ou até com o som do rádio".

 

 

 

Primeira residência surgiu há uma década

 

A casa do futuro já é uma realidade há pelo menos uma década. 0 publicitário e analista de sistemas Fábio Teixeira, de 34 anos, afirma ter criado em 1989 um dos primeiros sistemas de reconhecimento de voz por computador no País. Na época, ele conectou um microcomputador XT 200, considerado muito ultrapassado para os padrões atuais, a um equipamento GPIB (General Purpose Interface Board), usado na linha de produção para testes de placas eletrônicas. Vários fios foram espalhados pela casa, ligando o GPIB as lâmpadas e aparelhos eletrônicos, que receberam reles para poderem ser acionados por um simples comando de voz.

 

Segundo Fábio, era necessário gritar para o PC entender o comando, quando a máquina "perguntava" se ele queria ligar ou desligar determinado : aparelho. "Tinha de responder apenas sim ou não, muitas vezes gritando, pois o computador demorava para reconhecer minha voz", lembra. De acordo com o analista, após ter feito o reconhecimento de voz, o computador emitia um sinal ao GPIB, que por sua vez enviava energia ao relê conectado na lâmpada ou eletrodoméstico. "Mas, para isso, eu tinha de falar bem próximo ao computador", diz.

 

Fábio afirma que, para desenvolver o sistema de reconhecimento de voz, largou o emprego de publicitário e analista de sistemas para montar sua própria empresa de software, a SoFT4U Informática e Publicidade, em 1995. Um ano depois, ele comprou um apartamento no Parque Cecap, em Guarulhos, Grande São Paulo. Resolveu investir ainda mais no imóvel e adquiriu eletrodomésticos e produtos, como tomadas, interruptores e sensores de raios infravermelhos, entre outros, para montar tranformando-o em uma casa do futuro. Segundo Fábio, foram gastos, na época, mais de R$ 120 mil no projeto. "Com o dinheiro que investi, daria para comprar dois ou três apartamentos", lembra o publicitário.

 

Dessa vez, Fábio não precisou espalhar vários fios pela casa. Luzes e eletrodomésticos eram ligados e desligados por meio de um sinal enviado pelo computador através da rede elétrica. 0 publicitário dizia "sala, luz, acende", o micro repetia o comando com uma voz robótica e em minutos a lâmpada da sala acendia. Para ligar um liquidificador, Fábio ordenava: "cozinha, liquidificador, liga" e o aparelho começava a funcionar.

 

 

 

Segurança

 

Além dos receptores conectados nas luzes e aparelhos domésticos, Fábio instalou diversos sensores de raios infravermelhos pelo apartamento, que controlavam alarmes de portas e janelas, acusando a presença de alguma pessoa que entrasse na residência. Os sensores emitiam sinais ao computador por radiofrequencia. "Caso um ladrão invadisse a casa, o alarme seria disparado e todas as luzes piscariam

simultaneamente, além de o computador discar para seu telefone, 'alertando-o' da invasão. Nesse caso, é necessário deixar uma mensagem prégravada", diz Fábio.

 

0 publicitário informa ainda que também controlava sua casa por aparelhos de controle remoto. Segundo ele, quando estava chegando em casa de carro, bastava apertar alguns botões do controle para abrir portas, acender luzes e até cozinhar algo no forno microondas. "Era só subir as escadas do prédio para encontrar a porta aberta e o alimento quase no ponto de ser ingerido", afirma.

 

Fábio alega ter se dedicado a criação da "casa do futuro falante controlada por voz", como chama seu programa, apenas devido a paixão pela informática e eletrônica. "Sempre tive o sonho de inventar coisas novas. Na época, as casas automatizadas só eram realidade nos Estados Unidos", recorda. "Ainda não comercializei o programa, porque preciso desenvolver o reconhecimento de voz, que da muito trabalho. Quando eu estava rouco ou gripado, o computador não obedecia meus comandos e sempre corria o risco de não poder entrar na casa", diz rindo.

 

Após vender o apartamento de Guarulhos e aposentar alguns de seus equipamentos, Fábio prepara-se para criar uma casa do futuro mais moderna. Ele até já comprou um novo apartamento em Santana, Zona Norte de São Paulo. Fábio acredita que montará sua nova casa do futuro em um ano, mesmo tempo que levou na instalação do apartamento de Guarulhos. "Estou desenvolvendo novos programas que permitirão acender a lareira com o comando de voz", afirma Fábio, sem querer adiantar outras novidades.

 

 

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